Como o Oscar já é nesse domingo e eu percebi que só tinha assistido dois filmes dos concorrentes ao maior prêmio da noite (Gravidade – comentei aqui – e O Lobo de Wall Street – aqui), resolvi que ia me dedicar a assistir todas ou quase todas as produções que podem levar o prêmio. O primeiro escolhido foi Filomena, do diretor Stephen Frears.
Quando vi o trailer há uns meses, já tinha me apaixonado. Primeiro, a personagem-título é interpretada pela diva Judi Dench, uma senhooooora atriz que faz com maestria qualquer papel. Segundo, o filme mistura um drama muito triste, a mãe a procura do filho, com um leve humor quase non sense. Terceiro, é baseado numa história real. Quarto, mas não menos importante, o sotaque dos atores é britânico e vários de vocês sabem do meu amor por esse sotaque maravilindo.
Filomena e Martin
Em Filomena, baseado numa história real ocorrida em 2004, acompanhamos Filomena Lee (Dench) e Martin Sixmith (Steve Coogan, que também ajudou no roteiro e na produção) na procura do filho da senhora que foi tirado dela há 50 anos. Quando adolescente, ela vivia num convento na Irlanda. Numa noite de liberdade, Filomena conhece um rapaz e engravida dele. As freiras ajudam no parto e acolhem a garota e o bebê. Enquanto lá, o convento deixa os filhos das “pecadoras” como Filomena para adoção. E numa dessas o seu pequeno Anthony de apenas um ano é levado.
Cinco décadas se passam e Filomena conhece Martin, um jornalista político vivendo uma depressão após perder o emprego. Sem muito o que fazer, ele acaba aceitando fazer uma matéria de interesse humano com Filomena, gênero que tanto detesta, e parte numa missão em busca de Anthony. Nasce aí uma amizade entre duas pessoas completamente opostas: Uma católica fervorosa, sensível e querida e um jornalista cético, cínico, ateu e quase arrogante.
Com a filha de Filomena
No meio do caminho conhecemos a fundo Filomena e é impossível não nos apaixonarmos. Ela é surpreendente. Pode ser ingênua, como quando fala sobre o filme Vovó Zona, ou extremamente moderninha, como ao aceitar naturalmente a homossexualidade do filho perdido. E vem principalmente daí o alívio cômico do filme. Martin faz com que gostemos dele também, porque no fundo ele tem um coração bom e, mais do que uma boa matéria, quer ajudar a sua nova amiga.
Filomena com o pai de Anthony
No filme há muita crítica à Igreja Católica pela maneira como tratava as meninas grávidas e também por esconder informações até nos dias de hoje. Mas isso é plano de fundo do filme, não chega a ser o ponto principal.
Com atuações magníficas de Dench, Coogan e de Sophie Kennedy Clark, que faz Filomena na adolescência, a produção é emocionante, engraçadinha e triste ao mesmo tempo. Uma sensação agridoce, mesmo com o desfecho. Não tem correria, não tem ação, não tem efeitos especiais, mas é de uma sensibilidade e de uma fragilidade incríveis. Tudo isso sem cair no sentimentalismo barato e brega ao qual muitos filmes recorrem.
Do filme e da vida real
Não sei se Filomena leva o Oscar, mas mereceu estar listado como um dos melhores do ano.
Recomendo.
Teca Machado
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