terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A Menina Que Roubava Livros no filme rouba poucos livros


“O livro é melhor do que o filme”. Em 95% dos casos de adaptações vamos ouvir frases como essa. E no que diz respeito a A Menina Que Roubava Livros (Comentei aqui o livro) essa afirmação é verdadeira. Não que o filme do diretor Brian Percival seja ruim ou que eu não tenha gostado. Eu gostei, de verdade. Mas certas histórias funcionam melhor na obra de papel do que na obra cinematográfica. Às vezes por causa do ritmo, às vezes por causa da introspecção do personagem, às vezes por causa do narrador. Os fãs mais puristas precisam ter em mente que fazer o filme é, de vez em quando, uma questão de releitura da obra. Não idêntica, mas com a mesma essência.


A Menina Que Roubava Livros é narrada pela Morte (Roger Allam). Ela diz que mesmo não devendo fazer isso, se apega a alguns humanos e fica triste quando precisa recolher as suas almas. Uma delas foi a da garota Liesel Meminger (Sophie Nélisse).

Liesel ao chegar na casa dos Hubermanns

Na Alemanha dominada por Hitler na II Guerra Mundial, a mãe da menina, que era comunista, foi obrigada a entregar os filhos para adoção. O irmão mais novo de Liesel morreu e ela foi parar na casa de Hans e Rosa Hubermann (Geoffrey Rush e Emily Watson). Na nova cidade ela fica amiga de Rudy (Nico Liersch), um menino que a todo instante pede beijos de Liesel, e de Max (Ben Schnetzer), um judeu que os Hubermanns escondem no porão.

Liesel e Rudy

Mesmo sem saber ler, Liesel tem o hábito de roubar livros. Hans e Max são os que mais a incentivam a aprender, o que a leva a ser uma ótima contadora de histórias.

Li o livro faz tempo, mas do que lembro da história o filme ficou bem parecido. Uma das coisas que eu mais gosto da obra é que nos dá uma visão diferente do conflito armado por Hitler. Sempre vemos o lado dos judeus, mas nunca o sofrimento dos alemães que eram contra o governo, o caso dos Hubermanns. No filme isso não foi um ponto forte, mas deu a entender.

Hans e Liesel

O que eu senti falta foi de Liesel roubar mais livros. Na obra do cinema esse costume dela fica pouco evidenciado. Aparece, mas não justifica o título. E acredito que diminuíram muito o papel de Max, que como ficou doente grande parte da história não interagiu muito. A Morte, personagem importantíssima da obra de Markus Zusak, apareceu pouco e nem se apresenta, fica subentendido quem ela seja. Foram umas poucas frases no início, outras na metade e mais algumas no fim. Quem  não leu talvez não entenda quem é o misterioso narrador.

Um dos livros roubados

Para aqueles que gostam de filmes de ação, A Menina Que Roubava Livros pode ser muito parado (Ainda mais que são 2h20 de duração). Apesar de ser um filme que passa na guerra, não há correria, tiroteios e confusão. A história é calma e tranquila, sem grandes saltos. Por isso talvez funcione melhor como livro do que como cinema.

Liesel lendo para Max

No elenco não dá para colocar defeitos. Sophie Nélisse é muito expressiva. Seus grandes olhos de mangá expõem ao mundo seus medos, inseguranças e alegrias. É praticamente uma estreante, mas brilhou em cena. Geoffrey Rush é um dos meus atores preferidos. Ele tem um quê de humor que passa para todos os seus personagens. Hans é um homem que faz com que todos queiram ser seu amigo, tão grande é o seu coração e a sua pureza. Emma Watson criou uma Rosa dura, rígida, mal tratada pela vida, mas que no fundo tem muito amor e é um doce.

Família Hubermann

A fotografia de A Menina Que Roubava Livros é muito bonita. Mistura tons claros, como a neve, com cores sóbrias, predominante nas roupas da época de guerra. A trilha sonora é do premiado John Williams (Indiana Jones e Star Wars). Ela é bonita, apesar de não ser onipresente.

Nazismo onipresente

Mesmo não tendo morrido de amores pelo filme (Pelo trailer, achei que eu ia ficar loucamente apaixonada), A Menina Que Roubava Livros é muito bom e vale totalmente o ingresso pago. É diferente de outras histórias de II Guerra Mundial e tem muita sensibilidade. Deixa bem evidente algo que a narradora Morte diz em certo trecho: que os humanos são realmente assombrosos. Tem o pior e o melhor dentro de si, ainda mais durante conflitos armados, onde ninguém é realmente vencedor.

Recomendo.

Teca Machado

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