“Os suspeitos usavam Louboutins”


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O título do post é o título do texto de Nancy Jo Sales para a revista Vanity Fair. O roteiro de Bling Ring – A Gangue de Hollywood, de Sofia Coppola, foi baseado nesse artigo. O filme, inspirado no caso real de 2008 de adolescentes americanos que invadiam a casa de celebridades para roubarem produtos de marca que totalizou mais de U$ 3 milhões em danos, mostra como a juventude atual, principalmente dos EUA e de Los Angeles, se contenta com uma vida vazia. Seu único objetivo é mostrar suas festas no Facebook, ostentar roupas, sapatos e bolsas de grifes e tentar copiar o life style dos famosos.


O interessante é que a diretora não julga os personagens. Ela mostra os fatos e se mantém afastada de opiniões sobre a conduta deles. Os adolescentes que praticavam os roubos não são vilanizados e não são endeusados, absolvidos de culpa. Esses jovens são o que são: Sem objetivos, fúteis e vivendo numa liberdade sem regras e sem limites que só a classe média alta americana de Hollywood desfruta. Ao fim do filme, Sofia Coppola nos deixa com aquela mesma sensação do final de Maria Antonieta, com Kristen Dunst: Vazio. Vazio por eles, vazio pela sociedade.

As garotas da gangue em um dos vários momentos em baladas

O protagonista é Marc (O ótimo Israel Broussard). Um rapaz tenso, inseguro com o próprio corpo e personalidade, que após passar um ano estudando em casa, volta para uma escola para jovens alternativos (Leia-se infratores). No primeiro dia faz amizade com a popular Rebecca (Katie Chang). Um tanto problemática, ela faz pequenos roubos no dia a dia só para não cair na rotina e não morrer de tédio. Como enturma Marc com os seus amigos e ele passa a fazer parte do grupo, o garoto vira ajudante de Rebecca em seus furtos cada vez mais bem elaborados.

Chloe, Sam, Nicki, Rebecca e Marc

Quando invadem a casa da socialite Paris Hilton, ficam deslumbrados e precisam compartilhar a façanha. Ao contar para as amigas Nicki (Emma Watson, linda e excelente sempre roubando a cena), Sam (Taissa Farmiga, irmã mais nova da atriz Vera Farmiga) e Chloe (Claire Julien), eles arrumam mais três cúmplices para as invasões, que se tornam mais ambiciosas. Entre os alvos estavam: Rachel Bilson, Orlando Bloom, Megan Fox, Lindsay Lohan e outros (Que, segundo saiu na mídia, não aprovaram em nada o filme). Como não foram pegos de início, se sentiram poderosos e intocáveis, sendo cada vez mais descuidados.

Coleção de sapatos da Paris Hilton

A crítica de Bling Ring – A Gangue de Hollywood está não nos personagens que fazem os assaltos, mas em como o mundo é atraído por histórias como a de Bonnie e Clyde, de gangsters, de ladrões inteligentes. Outro fato marcante é perceber como a família não se comunica e os pais não criam valores no filhos, apenas os enchem com dinheiro e acham que assim está tudo bem. O uso de drogas indiscriminado, dirigir sob efeitos dela e de bebidas e postar fotos no Facebook sobre tudo isso é constante. É a futilidade em seu estado bruto.

Um vida de roupas, revistas de moda, festas e Facebook

A diretora Sofia Coppola, que também assina o roteiro e a produção, é conhecida por não fazer filmes no estilo blockbuster, com cenas corridas com humor, muitos efeitos especiais e um ritmo quase alucinante. Ela é mais lenta e reflexiva, sem ser chata. Bling Ring – A Gangue de Hollywood tem um quê de documentário: o estilo da filmagem e da perspectiva das cenas, os diálogos, os depoimentos. É um pouco como um reality show ou programa de fofoca estilo do canal E!. O espectador é quase um voyer.

A gangue na vida real

Confesso que não é o meu estilo preferido de filme. Os críticos cults que me condenem: Eu sou fã de blockbusters e de comédias românticas. Mas gostei muito de Bling Ring – A Gangue de Hollywood. De vez em quando é bom um filme que te faz pensar um pouco mais na vida, nas suas próprias atitudes de exposição em redes sociais e em futilidade.

Recomendo.

Teca Machado

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