Aquela velha história de que as distribuidoras brasileiras de vez em quando acabam com o título de um filme. Acho que o mais esdrúxulo foi o caso de Amor Impossível, que no original é o ótimo Pescando Salmão no Iêmen (Comentei aqui). Um título muito mais instigante e a ver com o filme, que de amor impossível e mega meloso não tem nada. O caso de Lições Para Toda a Vida também não é dos melhores. Com esse nome parece um daqueles dramas em busca do sentido da sua existência nesse planeta. Mas o original Secondhand Lions (Leões de Segunda Mão) é muito mais interessante e chamativo. Eu me interessaria muito mais por algo falando de leões de segunda mão do que de lições de moral.
Lições Para Toda a Vida, de 2003, é um daqueles filmes que você assiste 847 vezes e mesmo assim não enjoa. É diferente, é divertido, é tocante. Tem uma história relativamente simples que foi incrementada com atuações maravilhosas, uma ótima edição, um roteiro bem elaborado e uma pitada de filmes de ação dos anos 1950.
Haley Joel Osment não vê mais gente morta
O elenco principal da produção conta com Michael Caine (O Alfred dos filmes do Batman com o Christian Bale), Robert Duvall (de O Poderoso Chefão) e o Haley Joel Osment (de O Sexto Sentido – I see dead people). Ou seja, só atores excepcionais. E eles encaixaram tão bem em seus personagens que é impossível imaginar outra pessoas os interpretando.
Excelente trio
Lições Para Toda a Vida conta a história do menino Walter (Osment), que foi deixado pela mãe na casa dos desconhecidos tios Garth (Caine) e Hub (Duvall) enquanto fazia uma viagem para Las Vegas. Dizem os boatos que os tios, apesar de viverem em um ambiente rústico, têm uma fortuna escondida, por isso muitos familiares e vendedores tentam se aproximar com interesse dos dois homens, que sempre colocam todo mundo para correr usando como incentivo tiros de espingarda. A mãe consegue deixar o garoto com Garth e Hub antes do tiroteio começar e os dois senhores se veem com a responsabilidade de cuidar de Walter por uns dias.
Os famosos tiros
A falta de jeito com crianças é perceptível. A interação inicial dos três é o que dá o tom da comédia do filme. Com o passar do tempo, eles conseguem criar uma relação e os tios passam a contar as histórias da juventude para Walter. E o melhor de tudo é que os relatos são tão absurdos que até podem ser verdadeiros (Como o fato dos leões de segunda mão do título). E a comédia vai se misturam com uma carga emocional sem ser piegas.
Adorei a cara desse cachorro
O filme mostra que fantasia e ilusão são fundamentais para o ser humano, para o desenrolar da sua vida e para a sua formação, tanto que o filme é visto pelos olhos de um Walter já adulto, relembrando por meio de flashbacks aquela temporada na casa dos tios ranzinzas. Esse aspecto do longa lembra muito Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas, de Tim Burton.
Apesar dos excelentes atores, Lições Para Toda a Vida não foi um filme que chamou a atenção do grande público e nem foi recorde de bilheteria. Na verdade, acho que essa nem era a intenção do diretor Tim McCanlies. Acredito que um blockbuster não era o seu desejo com essa produção mais intimista.
Os tios nem tão ranzinza assim
Lições Para Toda a Vida não cai muito nos clichês de filme de “formação”, onde os valores morais chegam até a ser chatos de tão certinhos. Ele tem um quê desse gênero, mas é bem mais diferente e divertido.
Recomendo.
Teca Machado
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