Sentada numa cadeira do aeroporto, esperava o tempo passar. Foi uma conexão longa. Meu voo era só para daí duas horas. Já havia lido mais da metade do livro que eu estava levando comigo, tinha batido meu recorde em Minion Rush no iPad e também esgotado as minhas vidas em Candy Crush (Droga de fase 69!). Depois de tanto forçar a vista, resolvi dar um descanso aos meus olhos e ficar observando o ambiente no qual eu estava.
Como a comida na sala de embarque geralmente consiste em pão de queijo e café, estava do lado de fora, no saguão do aeroporto de Guarulhos. Depois de me deliciar com uma enorme fatia de pepperoni da Pizza Hut e uma soda italiana de maçã verde que me fez ver estrelas de tão boa, comecei a reparar nas pessoas ao meu redor.
Minha cadeira era perto dos embarques domésticos e passei a bisbilhotar ouvir as despedidas das pessoas que ficavam e das que iam embora. É como eu disse no post sobre o programa Chegadas e Partidas (Aqui), os aeroportos definitivamente são palco de beijos sinceros.
Primeiro foi um casal na casa dos vinte e poucos anos. Ela estava indo. Ele estava ficando. Não consegui entender se foi a primeira vez que eles se despediam ou se o namoro a distância já acontecia há muito tempo. Mas ela chorava igual uma criança e os olhos dele estavam com lágrimas. Sei bem qual é a sensação de se despedir assim. Sei muito bem. Escutei apenas algumas frases perdidas, como “eu te amo”, “já estou com saudades”, “volto logo” e “te ligo assim que chegar”. Depois de beijos que pareciam que nunca iam acabar, ela se foi. Olhou para trás algumas vezes antes de desaparecer na área do Raio X dando sorrisos tristes e adeus contidos.
Logo em seguida veio uma família. Era uma despedida mais feliz. Pai e mãe dando um até logo para o filho de uns 12 anos que ia para a casa dos avós por uns dias. Foram alguns “comporte-se”, “obedeça” e “nos ligue todos os dias” enquanto o garoto era abraçado, beijado, amassado e parecia um pouco envergonhado com a demonstração pública de afeto. Ele entregou a sua passagem para a funcionária do aeroporto, deu um sorriso e um tchau e correu feliz em direção ao seu avião.
Um tempinho depois duas senhoras se despediam. Ambas de cabelo meio roxo e grisalho e roupas bem coloridas. Acho que eram irmãs, pelo tipo de interação que apresentavam. Falavam baixinho, por isso não consegui escutar nada, mas era uma despedida alegre. Não do tipo “que bom que estou indo embora. Não aguentava mais”, mas do estilo “foram ótimos momentos, amo você, mas minha casa me espera de volta. Obrigada por tudo”. A que foi se atrapalhou um pouco ao entregar a passagem para quem estava cuidando da porta, mas não sem antes olhar para trás e dar um último adeus para aquela que ficava.
Fiquei observando mais um tempinho. Quase todos que se despediam de alguém no portão de embarque, antes de desaparecerem pelas paredes que separam passageiros e não passageiros, olhavam para trás e, sorrindo ou chorando, davam um último adeus àqueles que ficavam. Achei o fato curioso.
Pensando sobre isso, percebi que eu também faço o mesmo. E, buscando o motivo, percebi que sempre ao se despedir de alguém você nunca sabe quando e se verá a pessoa outra vez. E se é alguém amado, queremos sempre prolongar um pouquinho mais o momento junto, mesmo que seja com um simples aceno.
Após ver várias despedidas e passar o tempo, havia dado a minha hora de pegar um avião de volta para casa. Me levantei, passei pela funcionária do aeroporto com a passagem e mesmo que ninguém estivesse lá para me dar tchau, por causa do costume, olhei para trás uma última vez.
Teca Machado
Que texto leve e gostoso!
ResponderExcluirRecentemente fui ao aeroporto deixar minha irmã que foi curtir as férias com o marido. A sensação foi leve, cheia de alto-astral que a mensagem na nossa alegria de se despedir era: "Faça uma excelente viagem e viva intensamente cada momento! Estaremos aguardando ansiosos pelas novidades, fotos e experiência vividas. Boa viagem. Inteh"
Essas sao melhores e mais gostosas do que as despedidas que nao sabemos quando iremos ver a outra pessoa novamente. Enfim, curtir muito o texto. Sempre bom entrar aqui.
Um beijo,
Inteh Dudu