Amado John Green em Cidades de Papel

Desde julho o meu coração foi roubado. Não, não é um amor novo. Meu namorado já roubou o meu romanticamente falando há quase cinco anos. Quem roubou o meu coração “livrístico”, vamos dizer assim, foi John Green, autor do meu tão adorado A Culpa é das Estrelas (Comentei aqui). Ele já até está quase no mesmo patamar que os homens mais citados nesse blog: Nicholas Sparks e Harlan Coben. Nesses poucos meses li o livro citado, O Teorema de Katherine (Aqui) e terminei ontem Cidades de Papel.


Gostei da capa (Ai, que novidade. Só que não) e do título. Achei ele interessante e misterioso. Nem ao mesmo lendo a sinopse é possível entender o nome do livro. Mas, com o passar das páginas, a explicação chega e ela é ótima. Surpreendente e inusitada. Tem um lado metafórico, que eu acredito que muita gente vai se identificar, e tem um lado literal, que é muito interessante.

Em Cidades de Papel, Quentin, mais conhecido como Q. é um menino comum que está terminando seus anos de escola e indo para a faculdade. Gosta do cotidiano, do tédio, da estabilidade da sua vidinha um tanto sem graça e sem emoções. Mas a sua vizinha e paixonite desde a infância, Margo Roth Spiegelman (Em quase todo o livro o nome dela é escrito assim completo), é o oposto dele. Popular, linda, queen bee do ensino médio, amiga de todos, dada a aventuras e desaparecimentos, com muitas histórias para contar. 

Quando eram crianças, Q. e Margo eram melhores amigos, mas com o passar dos anos se distanciaram, pois eram de hierarquias diferentes no colégio. Até que uma noite, depois de anos de silêncio entre os dois, Margo aparece vestida de ninja chamando Q. para uma aventura. Ela disse que repararia algumas coisas erradas, faria outras coisas erradas e tentaria consertar injustiças. Q., mesmo hesitante, vai e tem uma noite memorável ao lado de Margo.

No dia seguinte, quando pensa que tudo iria mudar, que voltariam a ser próximos, Margo desaparece. Seus pais não querem saber de procurá-la, a polícia pouco se importa e cabe a Q. e seus amigos leais Ben e Radar procurar a garota. Ela deixa pistas sobre o seu paradeiro e Q. abandona tudo que lhe é confortável nessa busca frenética pela menina que amou por toda a sua vida.

John Green. Prometo que da próxima vez que falar dele, coloco uma foto diferente

A procura por Margo é dificultada pela fato de que, na verdade, ninguém realmente a conhecia. Ela era o tipo de pessoa que os outros idealizam, mas dificilmente chegam a conhecer profundamente. Cada um tinha o seu palpite de como era Margo, mas ninguém, nem os mais próximos, conheciam seu âmago, por isso era complicado saber para onde fugiu.

Q. é um personagem para se amar. Certinho, bonitinho, cuti cuti, medroso. Gostei mais dele do que de Colin, protagonista de O Teorema de Katherine, mas menos do que do Gus, de A Culpa é das Estrelas (Ele é imbatível, para falar a verdade). Margo é espirituosa, maluca, de opinião forte. De vez em quando você a odeia, afinal, é a pessoa mais egoísta da face da Terra, mas é impossível odiá-la por muito tempo. Ben, Radar e Lacey, da “comitiva” de Q. são ótimos e excelentes personagens secundários, como John Green sempre faz em seus livros. Os pais de Q., apesar de aparecerem pouco, são super queridos. Adorei.

Cidades de Papel foi o vencedor do prêmio Edgar de Melhor Romance de Mistério Juvenil  em 2009 (Ele foi lançado no Brasil agora, mas não é novinho). A linguagem da obra é característica do escritor e as páginas voam em suas mãos, mesmo sendo um livro um tanto longo (Quase 400 páginas). 

O autor tem o dom de aprofundar nos sentimentos e pensamentos dos personagens sem ser chato ou piegas e conta histórias diferentes, com toque nerd, mas que tinham tudo para serem iguais às outras. Acredito que essa seja a maior qualidade de John Green.

Agora só falta ler dele Quem é você, Alasca? E Will e Will, Um Nome, Um Destino.

Recomendo muito.

Teca Machado

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