A Morte como narradora – A Menina Que Roubava Livros

Há muito tempo, uns seis anos mais ou menos, eu li A Menina Que Roubava Livros, de Markus Zusak. Ele me marcou muito, pois foi bem diferente do que eu estava acostumada a ler. Afinal, era narrado pela Morte e eu estava acostumada só com Harry Potters da vida (Eu leio essa coisas até hoje, mas no período era praticamente apenas isso). Era só felicidade, amor, juvenil, cuti cuti, lá lá lá. E de repente cai na minha mão uma obra sobre guerra, fome, miséria e pessoas morrendo (Tinha amor, família, amizade e relacionamentos também, mas era bem triste). Foi meio que um divisor de águas (Alô, adolescência, seu fim está próximo!).


Esses dias vi o trailer do filme A Menina Que Roubava Livros, que lança no ano que vem e é baseado na obra. Achei super bem feito e, pelo menos pelas imagens mostradas, parece muito com o livro. E mais: É com o excelente Geoffrey Rush (Capitão Barbosa, do Piratas do Caribe). Mais um para a minha lista de filmes-que-estou-quicando-de-ansiedade-para-assistir.

Então, A Menina Que Roubava Livros, como eu disse lá em cima, é narrado pela Morte. Sim, a Morte. Aquela senhora de capa preta, com foice, que anda pelo mundo ceifando as vidas. E por mais que geralmente todo mundo tenha medo dela, nessa obra você simpatiza com ela de um tanto que quase quer virar amiga dela. Quase. Chega a ficar com dó, pois ela vê o seu trabalho como um fardo e tem compaixão pelas almas que leva, principalmente as de crianças e de atingidos pelas guerras e pela fome.

Nessa obra, a Morte conta a história de Liesel Memminger, uma menina loira na Alemanha hitlerista. Segundo a Morte, ela simpatizou pela criança, por isso conta como foi a sua vida. 

A mãe de Liesel não tinha mais condições de cuidar da filha, por isso o Governo a mandou para ficar com uma nova família. Com os pais adotivos, principalmente com o pai, Liesel aprendeu o valor das palavras. Aprendeu a ler, a amar livros, a ajudar judeus, a ouvir acordeon e a encontrar o amor e a amizade mesmo que ainda muito jovem.

Citação do livro

No período pré e durante a II Guerra Mundial, quando a Alemanha passava por profundas transformações políticas, sociais e econômicas, os cidadãos comuns, de bem, tiveram que se submeter ao partido nazista, às suas imposições e às suas atrocidades, mesmo que fossem contra. E esse foi o caso da família de Liesel, que fazia de tudo para aparentar seguir ordens, mas que no fundo era revolucionária.

A Menina Que Roubava Livros foi inesquecível para mim por dois motivos: 1) Ser narrado por uma personagem tão diferente, a Morte e 2) Mostrar que na II Guerra Mundial não apenas os judeus sofreram, mas o alemães não-nazistas também. Como o povo judeu foi altamente perseguido, acabamos nos esquecendo que aqueles cidadãos alemães contra Hitler sofreram consequências seríssimas. E é possível perceber na obra que muita gente, no início, acreditava que as ideias do Reich eram válidas. Foi uma espécie de lavagem cerebral de proporções catastróficas. Acho que o autor Markus Zusak soube escrever sobre isso muito bem porque ele, apesar de australiano, é filho de pai austríaco e mãe alemã. 

A leitura é uma delícia. Apesar de ser um livro grosso, tudo flui e em pouco tempo você termina. A história te prende e é surpreendente. É para te marcar no fundo da alma. E para fazer chorar também, porque é praticamente impossível ficar indiferente aos sofrimentos trazidos pela II Guerra Mundial e pela história comovente de Liesel e de sua família.

Interessou pelo livro? Então leia antes do filme ser lançado no cinema (É sempre melhor ler antes de assistir). Enquanto isso, veja o trailer:


Recomendo muito.

Teca Machado

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