Título ruim, filme bom – Se Enlouquecer, Não Se Apaixone


Títulos brasileiros são imbecis. Eu já disse isso quando falei sobre Amor Impossível aqui, cujo título original é algo como Pescando Salmão no Iêmen. Tudo a ver, né? O mesmo vale para o filme de hoje: Se Enlouquecer, Não Se Apaixone, que em inglês é It’s Kind Of A Funny Story (Tradução: É Meio Que Uma História Engraçada).


A tradução besta não passa de um golpe de marketing, já que um dos atores é Zach Galifianakis, o gordinho de Se Beber, Não Case. Mas Se Enlouquecer, Não Se Apaixone é um filme bem diferente e interessante, nada que lembre o seu quase homônimo. Confesso que comecei a assistir e achei meio enjoado e devagar, mas como não sou de desistir nem de filmes e nem de livros, fui até o fim. E ainda bem que fiz isso. 

Craig e Bobby

Craig (Keir Gilchrist, de United States of Tara, bem esquisito e à vontade no papel) é um rapaz que não suporta mais as pressões da juventude. São provas, estudos, processos seletivos de faculdades, pai ausente que trabalha muito e que espera muito dele, irmã muito mais inteligente, a menina que gosta namorando o melhor amigo, ser incompreendido e muito mais. Ele se sente oprimido e começa a ter desejos suicidas. Mas com medo de concretizar o ato, se interna voluntariamente num hospital psiquiátrico pensando que eles poderiam resolver o seu problema em apenas algumas horas. É obrigado a ficar no local cinco dias.

Pacientes do hospital

Conhecendo os pacientes, Craig percebe que os seus problemas são mínimos se comparados aos dos outros, principalmente do seu amigo e mentor Bobby (Zach Galifianakis, mostrando aqui que é muito mais do que um simples comediante). Nós mesmos ficamos pensando “Que menino besta! Tanto problema de verdade por aí e ele deprimido por causa dessas coisas”. Mas em conversas com a Dra. Minerva (Viola Davis, que aparece pouco, mas sempre muito bem), você e Craig entendem que é realmente “cada um com seus problemas” e é preciso lidar com todos, independente do tamanho, senão vira uma bola de neve.

Noelle. Nice shirt!

A relação de Craig com os outros pacientes é muito interessante, principalmente com Noelle (Emma Roberts, que eu acho bem linda). As cenas com o casalzinho são as melhores. Engraçado que eles não se falam muito, interagem em poucos momentos do filme, mas são doces, naturais. Não parece algo forçado, que tenha sido imposto ao público aceitar aquele amor. Na verdade, uma das cenas finais, quando estão no topo do prédio, é linda e bem diferente. Gostei do recurso usado para contar a história. Parabéns para os diretores Ryan Fleck e Anna Boden!

Under Pressure - Muito bom!

Uma das melhores coisas do filme é que ele é narrado por Craig. As suas divagações são bem legais, principalmente quando ele está desenhando mapas ou na aula de música (Cena genial com a canção Under Pressure, do Queen).

Mesmos os atores que são meio figurantes, que são pacientes que aparecem pelos corredores e falam pouco, são muito bons. A maneira como as doenças psicológicas foram tratadas foi sensível e verdadeira. O tema pesado ficou leve e isso é algo muito difícil de ser feito.

Craig e Noelle, super meigos!

Apesar do título parecer de comédia ou comédia romântica, Se Enlouquecer, Não Se Apaixone é uma tragicomédia. Faz mais pensar do que rir, mas tem os seus momentos que faz você sorrir (Sorrir, não gargalhar).

Não é blockbuster, não é superprodução, não é ação, nem sei se foi passado no cinema (Pelo menos aqui não foi). Mas nem por isso deve ser deixado de lado (Se você tem Netflix, lá tem).

Recomendo.

Teca Machado

2 comentários:

Tecnologia do Blogger.