Eu sou uma romântica incurável e assumo. Do tipo que realmente acredita em Príncipe Encantado e amor eterno, que acha que aquelas situações um tanto absurdas de filmes e livros vão acontecer comigo e que serei amada incondicionalmente, mesmo que esteja sendo uma insuportável. Minha imaginação é fértil e crio a minha vida futura na mente quase todos os dias. Se essa área da minha vida não vai bem, tudo parece meio torto ou incompleto (Que clichê!).
Isso de vez em quando me faz sofrer, é verdade. Afinal, coloco as expectativas lá no alto. Mas, com o tempo, aprendi a não criar tantas expectativas (Só um pouco, porque também não sou de ferro, né?), apenas esperança de que vai ser maravilhoso. E realmente tem sido. Além disso, tenho canalizado a minha imaginação na escrita de um livro. Lá eu posso criar o melhor personagem romântico do mundo e ele vai ser real ali, pelo menos para mim.
Então, ontem vi uma reportagem da Folha de São Paulo onde filósofos questionam a supervalorização do amor. Achei um absurdo! Bando de mal amado. Mas, depois de ler, não achei que fosse tão errado assim e concordei com várias afirmações.
Os meus pedaços preferidos (Quase toda a matéria, na verdade):
“O amor está longe de ser a solução para o fim do sofrimento humano. Pelo menos aquele amor romântico de filmes e novelas.
Quem defende essa ideia é o filósofo Simon May, professor do King's College, em Londres, e autor de ‘Amor - Uma História’, lançado aqui no fim do ano passado.
Para ele, o sentimento está supervalorizado: ocupou o espaço deixado pela religião e se tornou o novo deus do Ocidente.
De acordo com o filósofo, a religião do amor incondicional é reforçada pela cultura. Ele cita filmes em que um dos personagens não quer saber de namorar e só pensa na carreira. No final, ele sempre descobre que sem uma paixão sua vida não será completa.
Tanta pressão em cima de um sentimento frágil e humano, para o autor, termina em frustração coletiva. ‘Nada humano é verdadeiramente incondicional, eterno e completamente bom. Essa é uma forma de amor que só Deus pode ter. Esse entendimento gera expectativas altas, que relacionamentos cotidianos não são capazes de suprir’.
O mesmo defende o filósofo alemão Richard David Precht, autor de ‘Amor - Um Sentimento Desordenado’. ‘O papel de nos aceitar por inteiro, com todos os nossos defeitos e limitações, cabia a Deus. Hoje buscamos alguém que possa cumprir essa função e ainda dormir conosco. É realmente pedir demais’, diz.
Segundo ele, enquanto a sociedade mudou, a idealização do sentimento continua como no passado.
A psicanalista Regina Navarro Lins também pesquisou a história do sentimento, mas chegou a uma conclusão diferente. ‘O amor romântico está com os dias contados. Domina filmes e novelas, mas está saindo de cena na vida real’, afirma ela, que em 2012 publicou ‘O Livro do Amor’, obra em dois volumes. (Isso aí eu não concordo. Não acho que o amor está morrendo assim)
Navarro Lins, no entanto, concorda com Simon May ao considerar o amor romântico irreal. ‘Você conhece uma pessoa, atribui a ela características que ela não possui e passa a vida infernizando a criatura, querendo que ela seja como você imaginou’, diz a psicanalista.
A troca de exigências gera um ‘rancor matrimonial’, uma sensação de que o parceiro nos enganou ao não cumprir nossas expectativas.
Simon May não acredita que a solução seja dar menos importância ao sentimento, mas rever os conceitos. ‘Precisamos mudar nossas expectativas, não reduzi-las. É preciso abandonar a ideia de que amor implica em intimidade incondicional, benevolência e altruísmo. Para mim, amor é algo completamente condicional. Ele só existe enquanto a outra pessoa parece dar sentido à nossa existência’.”
É meio que um tapa na cara saber que tudo o que nós aprendemos sobre o amor desde que nascemos está um tanto equivocado. Mas isso não me faz menos crédula no amor e nem desesperançada. É como eu disse: Sou uma romântica incurável.
Teca Machado
Amar a si mesmo talvez seja o único romance eterno. ( frase do livro Desaforismos de Georges Najjar Jr )
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