Ela, que também é jornalista e tem o mesmo nome que eu, diz que “sofre de imaginação fértil e só passa escrevendo”. Também sofro desse mal. Ou bem. Prefiro ver como bem. E esse texto fala bem isso, da nossa imaginação feminina desenfreada e enlouquecida (A minha mais que o normal, acho que eu preciso ser escritora mesmo).
Achei que seria legal compartilhar com vocês.
Segue o texto:
Carta para as mulheres – Por Marcella Brafman
“Fulana,
Eu também imaginava como seria passar o resto da vida beijando o cara logo nos primeiros instantes do primeiro beijo. Eu imaginava ele acordando ao meu lado, eu usando um pijama vergonhoso de bichinho, mas logo já “des”imaginava e imaginava que na verdade eu usava um de renda vermelho. Imaginava ele conhecendo meus pais, colocando ração para o meu cachorro e fazendo fondue em uma máquina de fondue que eu nem tenho. Imaginava ele deixando de ir beber com os amigos e surgindo na minha porta com um bouquet de flores. É aí que a imaginação tirava os pés do chão. Então, já “des”imaginava outra vez e imaginava a primeira briga. O beijo para fazer as pazes. O rosto esmagado de tanto dormir em uma manhã de domingo. Imaginava o sobrenome junto. A secretária eletrônica gravada com as nossas vozes. Não importa se eu nem tinha a ouvido. No maior dos níveis de imaginação, eu conseguia sentir e até cheirar a gola da camisa social que nem toquei.
Aí eu voava de novo. Imaginava a saudade, a paixão. Sentia enjôo e parava para imaginar a rotina ficando chata. Mas aí imaginava a gente se amando, e ele se ajoelhando, pedindo minha mão e abrindo o jornal para pesquisar um apartamento de duas vagas de garagem. Voltava a imaginar o casamento, os filhos, os olhos puxadinhos do Lucas, as sardinhas da Bianca. Imaginava ele no meio de uma praça de alimentação de shopping, contando histórias da época do colégio para fazer o menino parar de chorar. E também a viagem para Paris, para Argentina, para Ilhabela. A lua-de-mel, o carro com um grande porta-malas, a vida confortável e a sala aconchegante e quente. E tudo isso eu conseguia imaginar sem nem ter trocado uma palavra com quem quer que fosse o “ele”. Diz a doutora que imaginação não tem cura. E que no máximo sai um livro disso daí.
Sabe, minha parceira, você não é louca e você não está sozinha. Somos mulheres de imaginação. E sonhos.”
Não é tudo bem verdade?
Teca Machado
A energia do universo é muito maior do que se imagina, principalmente porque a maioria das pessoas não imagina nada. ( do livro de Georges Najjar Jr )
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