Nunca me achei um exemplo de beleza, ainda mais quando era pequena. Não falo isso de quando era neném, porque nessa época eu era a coisa mais fofa e amor do mundo, haha. Foi depois dos seis, sete anos, quando a gente entra naquela fase cabulosa que vai até uns 13, 14 anos. Eu mesma só fui melhorar com uns 15.
Hoje eu me acho normal, bonitinha, arrumadinha. Confesso que tem dias que eu me olho no espelho e falo: “Que gata! Smoking hot! Hoje estou dando um caldo, hein?” e mando um beijo para o meu reflexo. Mas, em compensação, tem outros dias que eu murmuro: “Minha filha! O que aconteceu com você? Foi atropelada por um caminhão e ainda não está sabendo?”. Só que há uns tempos eu cheguei a uma conclusão que quando mais nova, eu devia ser muito feia.
Pequenininha eu era até bonitinha...
“Descobri” isso porque passei a reparar que amigos dos meus pais, mães de amigos meus que não me viam há muito tempo e outras pessoas sempre falam: “Nossa, como você ficou bonita” e nunca “Nossa, como você é bonita”. Até perguntei para a minha mãe se ela tinha reparado isso e ela começou a rir, disse que eu era louca.
Tive a certeza no dia em que encontrei uma amiga dela que me conheceu desde criança, mas que não me via há anos. Sabem o Super Sincero? Aquele quadro de humor do Fantástico? Gente, essa senhora deixa o personagem do Luiz Fernando Guimarães no chinelo. Eu fui lá, toda educada e simpática cumprimentar a velha amiga da minha mãe e ela diz:
- Menina, como você ficou bonita! O tempo foi generoso com você.
- Muito obrigada! – Respondi toda sorridente.
- É sério. Quem diria que você chegaria a tanto?
- Ah, obrig... – Antes de eu terminar de falar, ela continuou:
- Desculpa, mas você era bem feinha quando era mais nova. De verdade.
- Pois é, né? – Já sem graça e com sorriso amarelo grudado na minha cara.
- Isso foi um elogio, tá? Já pensou se eu dissesse que você era mais bonita criança? E você sabe que se fosse o caso eu falaria.
- Sim, eu sei.
- Nossa, de verdade, você era muito feinha, coitada!
- Ha ha. – Risada meio falsa – Já entendi, eu era feia. – E ela continuou falando.
Passei por uma fase bem mais ou menos... Haha
Tudo bem que você tem que ser sincero e tudo o mais, mas também precisa ter um filtro no cérebro para não magoar as pessoas com comentários desnecessários. Tudo bem que eu era feia, mas não precisava me lembrar do meu passado negro com tanta veemência.
Sabe aquela história de que se você quer parecer mais bonita, ande com gente feia que a sua beleza realça? Meu caso era o contrário, porque eu era comparada com a minha irmã que era (é) linda, loira, dos olhos bem verdes, por quem todo mundo era apaixonado (Principalmente os meus amigos). Eu era magrelinha, morena, bochechuda, de olhos meio castanhos, usava aparelho há uma eternidade, tinha o cabelo armado, mesmo sendo liso, e minha costela era mais proeminente do que o meu peito. Ainda bem que o tempo passou.
Sorte que eu levei os comentários da senhora sincera na brincadeira e, no final das contas, achei bom. Eu realmente ficaria chateada se ela falasse que eu embaranguei com o tempo.
Logo depois, comentei com a minha mãe, rindo:
- Viu, mãe, eu não disse que era feia quando criança? Minha teoria estava certa!
Melhorei um pouquinho?
Posso até não ter virado o cisne mais bonito do bando (Gente, cisne anda em bando? Manada? Matilha?), mas também não sou mais um patinho feio.
Teca Machado
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