Minha parede de vidro transparente
Eu nunca fui uma pessoa que
consegue guardar segredo sobre si mesma por muito tempo. Aliás, por quase
nenhum tempo. Sabe aquela história de que "os olhos são a janela da
alma"? Então, o meu rosto inteiro não é nem uma janela, é uma parede de
vidro bem limpinha e transparente que mostra absolutamente tudo o que tem ali
dentro. Eu não sei esconder o que eu sinto. O que acaba sendo bom, mas ruim
também.
Sou como um livro aberto. Bom, quase como um livro aberto.
Quando alegre, fico rindo para a
parede e para as pessoas na rua, quando triste, fico com os olhos opacos e
cheios de lágrimas, quando emburrada, faço um bico com 10 centímetros e, quando
brava, fico num silêncio mortal (momento raro!). Minhas expressões corporais
são um tanto quanto acentuadas.
Além do meu rosto mostrar minhas
emoções, a minha boca também colabora. Eu tenho um sério problema: conto tudo
de mim mesma para todo mundo. Mesmo se eu acabei de conhecer a pessoa e ela
perguntar algo pessoal, eu conto. Não deveria, mas conto.
Além da boca falar, meus dedos
também falam (Nossa, que poético!). Eu sempre gostei de escrever, ainda mais
sobre mim (um tanto egocêntrica...) desde muito pequena. Então, comecei com os
diários. Quando cresci, transformei o diário em agenda, o que era a MESMÍSSIMA
coisa, só mudava o nome para eu não parecer muito criança. Quando meu pai dizia
que era meu diário, eu ficava louca de raiva, era A-G-E-N-D-A. Tinha data,
percebe a diferença? E eu não começava com a frase "Querido diário".
Quando estava no ensino médio, eu
tinha agenda. Cada ano uma diferente. Sempre frufru, cor-de-rosa, cheia de
figurinhas cuti-cuti, fotos e recados. Mas, principalmente, sobre as minhas
impressões do dia e o que acontecia nele. Na época achava que tudo o que eu
passava não parecia nada de mais, que era o comum na vida de qualquer
adolescente. Até que um dia umas colegas de sala leram os meus textos e acharam
super interessante. Perguntaram onde eu arrumava tanta criatividade para
escrever situações tão engraçadas e inusitadas. Respondi que não era preciso
inventar nada, já que tudo o que estava registrado naquelas páginas era real.
Elas ficaram tão interessadas na minha vida que passaram a ler a agenda todos
os dias. Tinha até disputa para saber quem leria primeiro e comentavam entre si
como se estivessem falando de novela. Muitas vezes, mortas de curiosidade para
saber como minhas confusões terminariam, me perguntavam quais seriam as cenas
do próximo capítulo. Como eu poderia saber se não tinha acontecido ainda?
E hoje tenho o Facebook e o
Twitter para me expressar, mas, eu me
contenho nas redes sociais. As pessoas não precisam e não querem saber tudo o
que eu penso, falo, quero ou desejo.
Acho que esse episódio da agenda
foi um dos motivos que me inspiraram a querer livros e um blog, mesmo que
indiretamente. Gostava de escrever, mas até aquele momento, não sabia que as
pessoas iam gostar do que eu falava e de como eu escrevia.
Agora, eu tenho tido um feedback
tão legal aqui no blog que tudo o que eu posso fazer é continuar escrevendo
sobre tudo e todos. Vocês me deram corda, agora eu não largo mais.
Espero que vocês estejam gostando
do meu diário/agenda virtual. Eu estou me divertindo muito por aqui.
Teca Machado
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